domingo, 28 de outubro de 2012

HADDAD - A ESPERANÇA VENCEU!


Conheça Fernando Haddad, o novo prefeito de São Paulo

Fernando Haddad é eleito novo prefeito de São Paulo

Fernando Haddad (PT) é o novo prefeito de São Paulo. Com 92,48% das urnas apuradas, o petista tinha 56,03% dos votos válidos (3.158.994 votos), contra 43,97% do candidato do PSDB, José Serra (2.479.094 votos). Os votos que ainda não foram apurados não podem mais modificar o resultado da eleição.
Até às 19h20, os votos em branco somavam 4,36% (278.256 votos) e os nulos chegaram a 7,28% (464.441 votos). Quase 20% dos eleitores não compareceram para votar, totalizando 1.590.513 pessoas.
O PT volta à Prefeitura oito anos após a gestão de Marta Suplicy, período no qual a cidade foi administrada por Serra e pelo atual prefeito, Gilberto Kassab.
A campanha em São Paulo no segundo turno foi marcada por um intenso embate e troca de acusações entre os candidatos.
Enquanto o tucano atacava o rival com panfletos, telefonemas e em toda oportunidade que tinha para falar na imprensa, o petista centrou sua munição nos programas de rádio e TV, o que acabou lhe rendendo a perda de 16 minutos no horário eleitoral.
Serra passou a eleição toda tentando ligar o adversário a réus do processo do mensalão, que corre no STF (Supremo Tribunal Federal). Do outro lado, a campanha petista batia na tecla de que Serra abandonou os cargos de prefeito e governador, apesar de prometer concluir os mandatos.
A campanha petista também procurava ligar a imagem do ex-governador ao prefeito Gilberto Kassab (PSD), reprovado pela maioria da população.
Sem sucesso nessa tentativa de derrubar Haddad, Serra voltou sua atenção para a área da saúde. O tucano dizia que o petista iria “eliminar” a participação das OSs (Organizações Sociais) na gestão do sistema municipal de saúde.
Haddad passou a campanha negando a afirmação e acusando Serra de explorar o tema como “vitrine para ocultar as falhas” da rede municipal de saúde.
As OSs são entidades privadas que recebem recursos da prefeitura para gerir os equipamentos públicos de saúde. Na época em que a medida foi implantada, o PT foi à Justiça para tentar impedir a terceirização do setor.
Em seu plano de governo, está escrito que Haddad vai “reorganizar a saúde municipal, fortalecendo a gestão pública do SUS, promovendo rigorosa fiscalização das parcerias privadas e a efetiva descentralização com controle social”.
A nova estratégia do tucano também falhou, culminando na sua terceira derrota para um candidato do PT em disputas. Antes, já havia sido batido por Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff nas disputas presidenciais de 2002 e 2010, respectivamente.
Desafios
O próximo prefeito vai assumir a cidade mais rica do País, com o orçamento comparável a grandes Estados e ministérios do governo federal, mas com uma série de problemas estruturais.
Após seis anos da administração Kassab, a aprovação do atual prefeito era de apenas 24%, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada em 30 de agosto.
A cidade enfrenta problemas nas áreas de moradia, transporte urbano, saúde e educação. O trânsito caótico, o déficit no número de vagas em creches e a má qualidade no atendimento da rede de saúde municipal são os principais desafios do próximo prefeito.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

STF - ESPETÁCULO SEM JUÍZO

Contaminação do julgamento por politicagem e atitudes contraditórias de membros do STF causam reações entre setores da sociedade preocupados com a democracia



Já era esperado que os principais veículos da mídia tradicional mantivessem o julgamento da Ação Penal 470, o processo do mensalão, nas manchetes e buscassem “orientar” o voto dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Imaginava-se que parte dos ministros, até mesmo a maioria, pudesse acatar a versão da acusação e condenasse alguns réus, mesmo sem a existência de provas concretas nos autos.
No show midiático, Barbosa (acima), é o herói, e Lewandowski (abaixo) o vilão. A vítima é a Justiça. Fotos: Antonio Cruz/ABr e JosÉ Cruz/ABr/abr
Surpreendente, no entanto, foi a combinação do tradicional viés anti-PT da mídia conservadora com a postura acusatória assumida pela relatoria do processo. Além de derrotado em plenário pela maioria do colegiado, o contraponto à relatoria pelo revisor do processo sofreu um visceral repúdio dos principais veículos de comunicação. O revisor, Ricardo Lewandowski, virou vilão e o relator, Joaquim Barbosa herói.
O professor de Ciência Política da Fundação Getulio Vargas (FGV) Francisco Fonseca afirma que “a mídia no Brasil tem um longo histórico partidário” e não é uma novidade a tentativa de influenciar o resultado de uma eleição. Dessa vez, no entanto, a postura do STF trouxe um novo elemento ao já tradicional cenário: “O STF, ao deixar o julgamento de José Dirceu e do núcleo político para o final, às vésperas da eleição, deu combustível à mídia em sua clara tentativa de construir uma alternativa política e eleitoral. Nesse contexto da vida política nacional, o STF se coloca também de uma forma partidarizada, o que me parece muito perigoso para a democracia institucional.”
Para o sociólogo Venício Artur de Lima, professor da Universidade de Brasília (UnB) e atento observador da mídia brasileira, o comportamento da imprensa tem sido diferenciado desde que a denúncia apareceu: “Na época, houve vários nomes divulgados no Jornal Nacional que não tinham nada a ver com o caso. Há um certo oportunismo. Não tenho condições de afirmar que o calendário do Supremo foi feito em função das eleições, mas, que os grandes grupos de mídia se aproveitam do momento, não há nenhuma dúvida”, diz.
Apesar de um coro dos grandes veículos tentar provocar sensação de consenso na sociedade em torno de sua visão do episódio, a percepção de que os rumos do julgamento foram contaminados por questões políticas causou reações. Um grupo de cerca de 250 intelectuais, juristas, escritores, artistas, jornalistas e sindicalistas, entre outros profissionais – pessoas sérias e com histórico de luta pela democracia –, enviou ao presidente do STF, Carlos Ayres Britto, um documento que pede aos ministros postura equilibrada, em consonância com as leis e o Direito. A reação foi organizada pelo produtor cinematográfico Luiz Carlos Barreto, pelo escritor Fernando Morais, pela filósofa Olgária Matos e pela jornalista Hildegard Angel.
“Somos contra a transformação do julgamento em espetáculo, sob o risco de se exigir – e alcançar – condenações por uma falsa e forçada exemplaridade. Repudiamos o linchamento público e defendemos a presunção de inocência”, diz o documento, assinado ainda por Oscar Niemeyer, Emir Sader, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Eric Nepomuceno, Hugo Carvana e Jorge Mautner, entre outros. Para os signatários, “parte da cobertura da mídia e até mesmo reações públicas que atribuem aos ministros o papel de heróis causam preocupação”.


Sinais de fumaça

Mesmo antes do início do julgamento, membros do STF já situavam o que estava por vir. Em maio, o ministro Gilmar Mendes afirmou em matéria da revista Veja que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentara pressioná-lo a convencer os demais ministros a adiar o julgamento. Mendes, segundo a revista, afirmou que Lula “não fez o pedido diretamente”, mas “manifestou um desejo”. A matéria resultou em um pedido de abertura de investigações apresentado ao Ministério Público Federal por PSDB, DEM, PPS e PSOL. Chamado pelo MPF para confirmar a reportagem, Mendes não confirmou nada. O caso acabou arquivado pela Justiça, mas causou impacto político ao trazer Lula ao centro do “palco”.
Já com o julgamento em andamento, outra reportagem de Veja atribuiu ao publicitário Marcos Valério afirmações que imputam a Lula participação direta no mensalão. Atingir sua imagem seria uma forma de abalar seu poder de influência nas eleições. O ex-presidente é o maior símbolo de um modo de governar que deu ao Brasil rumos completamente diferentes após 2002 e deixou o governo, em 2011, com aprovação jamais vista. A revista foi novamente desmentida.
A tentativa provocou uma reação de toda a base aliada ao governo Dilma. Uma nota divulgada em 20 de setembro pelos presidentes partidários Rui Falcão (PT), Eduardo Campos (PSB), Renato Rabelo (PCdoB), Valdir Raupp (PMDB), Carlos Lupi (PDT) e Marcos Pereira (PRB) assinalou que a imprensa oposicionista e os setores a quem dá voz “não hesitam em golpear a democracia” sempre que seus interesses são contrariados: “O gesto é fruto do desespero diante das derrotas seguidamente infligidas a eles pelo eleitorado brasileiro”. As centrais sindicais, em manifestação, retomaram o bordão “Lula é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”, já usado na mobilização social que deu sustentação ao presidente em 2005 – quando a oposição liderada por Fernando Henrique Cardoso pretendia vê-lo “sangrar” e ter sua reeleição inviabilizada.


Calendário

As críticas à politização do julgamento cresceram depois que ficou claro que o cronograma apresentado pelo relator levaria a apreciação dos casos de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares às vésperas das eleições municipais. O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, negou haver coincidência premeditada. “Os ministros nunca fizeram esse tipo de conexão. Não há pressa, os ministros estão conciliando em seus votos segurança jurídica com presteza na entrega da prestação jurisdicional”, disse.
Alguns analistas consideram que a postura assumida no julgamento do mensalão pela maioria do STF atenta contra a credibilidade da mais alta corte do país. “O Supremo Tribunal Federal tem cometido equívocos e agido de maneira inadequada, de forma a comprometer a sua própria autoridade. Muitas vezes, ministros antecipam a veículos o que vão dizer no plenário”, alertou o jurista e professor da USP Dalmo Dallari em entrevista a Conceição Lemes no site Vi o Mundo.
Outra crítica diz respeito à adoção, por parte da maioria do STF, de um critério claramente subjetivo na interpretação de fatos que compõem o processo. Esse critério permitiu ao relator, por exemplo, enquadrar a aprovação das reformas tributária e previdenciária pelo Congresso no conceito de “ato de ofício”, necessário para caracterizar o crime de corrupção na suposta compra de votos dos deputados. A ilação é frágil. O deputado Valdemar Costa Neto (então presidente do PL-SP e um dos condenados por “venda” de apoio), para ficar no exemplo mais famoso, votou contra a reforma da Previdência.
“A condenação de vários réus nesse processo levará necessariamente a um levantamento das leis aprovadas no Congresso Nacional no período em que o Supremo está dizendo que houve compra de votos”, afirma Venício Lima. “O presidente do Supremo disse com todas as letras, repetidas vezes, que o Projeto de Lei
nº 2.232, que regula as licitações de verbas públicas para publicidade, tinha sido alterado no Congresso exclusivamente para beneficiar os réus da Ação Penal 470. De acordo com o que ele disse, a lei é inconstitucional.”


Pesos e medidas

Passado o julgamento, fica a expectativa se o mesmo peso e a mesma medida serão utilizados pela Justiça na apreciação de casos de pouco destaque na mídia conservadora. O mais importante é o mensalão do PSDB, quando entraram em cena os métodos de Marcos Valério de arrecadar dinheiro para o caixa de campanha de Eduardo Azeredo, então presidente nacional do PSDB, ao governo de Minas Gerais, em 1998.
A título de comparação, a Justiça Federal de Goiás decidiu pela absolvição dos tucanos José Serra (então ministro da Saúde) e Marconi Perillo (então governador) da acusação de improbidade administrativa quando, em 2001 e 2002, verbas federais para o combate à dengue destinadas à Secretaria de Saúde de Goiás foram parar nas contas das empresas de Valério. A juíza que analisou o caso alegou que o Ministério Público não produziu provas suficientes contra os réus. A decisão se choca com a nova jurisprudência criada no STF, que se baseou somente em indícios e testemunhos para condenar.
Joaquim Barbosa também era relator do processo do mensalão do PSDB. Mas, alegando que assumirá em novembro a presidência do STF, decidiu abrir mão de todos os processos dos quais é relator que não estejam prontos para voto.
A relação de Valério com outros mensalões foi lembrada no plenário do STF pelo juiz revisor Ricardo Lewandowski quando este analisava a já célebre viagem que o empresário fez a Portugal acompanhado pelo tesoureiro do PTB, Émerson Palmieri: “Essa viagem está relacionada a outro esquema que precede este que estamos analisando agora. Envolve o Banco Opportunity e Daniel Dantas e abasteceu outros mensalões anteriores, em outras unidades da federação”.
Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o relator Joaquim Barbosa é questionado se a “máquina de investigação e punição só funcionou para este caso e será desligada”, já que só o processo do mensalão do PT chegou ao final, em meio a tantos escândalos que envolvem outros partidos. Barbosa diz não acreditar nisso: “Haverá uma vigilância e uma cobrança maior do Supremo. Este julgamento tem potencial para proporcionar mudanças de cultura, política, jurídica. Alguma mudança certamente virá”.
O cientista político Paulo Vannuchi reflete o anseio por equidade de tratamento que hoje é compartilhado por partidos políticos, movimentos sociais e entidades sindicais: “Vem aí o julgamento do Daniel Dantas. Vamos ver como ficará o STF se não aplicar também o conceito do ‘domínio do fato’, entre outros agora aplicados.”
No mesmo fim de semana do primeiro turno das eleições municipais, a revista Veja trouxe como reportagem de capa um perfil de Barbosa, atribuindo-lhe o título de “o menino pobre que mudou o Brasil”, em mais uma tentativa de influenciar as decisões dos brasileiros nas urnas. Não é improvável que surta algum efeito à campanha da revista – aquela que ainda está por ser investigada por suspeita de associação ao contraventor Carlos Cachoeira para fabricar informações úteis a interesses de ambos. Pelo menos entre aqueles 5% da população que preferem o Brasil como era de 2002 para trás. Porque para os outros 95% que aplaudem o legado de outro menino pobre que governou o país, em detrimento de todas as batalhas do partido da mídia, o conceito de mudança parece ser um tanto mais amplo. ]

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

É 13: TODOS NO SEGUNDO TURNO COM HADDAD


Caros,

Faltam quatro dias para o segundo turno das eleições 2012 para a prefeitura de São Paulo. É a reta finalíssima da campanha propositiva, limpa e emocionante de Fernando Haddad.

Nos últimos dias, Haddad voltou a conversar com toda São Paulo e recebeu apoios importantes. Reitores de institutos e universidades federais lançaram publicamente um manifesto de apoio a Haddad. Dirigentes esportivos dos três grandes times paulistanos também estão com Haddad.

Mas ainda há muito o que fazer até o dia 28: no PenseNovo.TV, veja como otrânsito de São Paulo é muito diferente daquilo que é mostrado na propaganda do adversário. Em encontro com artistas e músicos paulistanos da periferia, Haddad ouviu as sugestões de representantes do rap, como Mano Brown e Ice Blue, dos Racionais MC’s e do samba, como Leci Brandão, Netinho de Paula e Leandro Lehart.

E, para esquentar o último encontro entre os candidatos à prefeitura de São Paulo (sexta-feira a noite, na Rede Globo), reveja os melhores momentos de Haddad no debate com Serra promovido pelo SBT/UOL.

Hoje é 13, amanhã é 13 e assim vamos até a hora agá, marcar o 13 nas urnas!

SÃO PAULO URGENTE: CANALHICE AZUL E AMARELA


Governo de SP usa ameaças e coação para expulsar 400 famílias de suas casas


Conjunto habitacional oferecido como alternativa aos moradores não possui sequer o projeto. Metrô alega que comunidades estão no caminho do traçado da linha 17 - Ouro

Os moradores das comunidades Buraco Quente e Comando, no cruzamento das avenidas Jornalista Roberto Marinho e Washington Luís, região do Campo Belo, estão revoltados com o processo de remoção de suas casas, no contexto da construção da Linha 17-Ouro do Metrô - que vai ligar o Morumbi ao Jabaquara e ao aeroporto de Congonhas.

Há quatro meses uma mesma cena se repete, reveladora do desrespeito, do autoritarismo e da falta de transparência com que o governo do estado de São Paulo trata as famílias: um funcionário do metrô chega e coloca uma marcação com um número na parede da casa. Na placa, os logos Metrô e da CDHU. Os funcionários informam que a moradia será removida por causa das obras. E só. Duas semanas depois, outra equipe entrega uma relação de documentos que devem ser entregues em certa data, no endereço informado por eles. Lá o morador descobre que está participando de um processo de "adesão" a um programa habitacional da CDHU, com auxílio-aluguel de R$ 400 por mês até a hipoteca obra ficar pronta, ou a uma avaliação da moradia para possível indenização, que chega no máximo a R$ 119 mil.
RBA esteve nas duas comunidades e ouviu esse relato de várias pessoas, entre elas a dona de casa Adelaide de Jesus. Com as notificações e fichas cadastrais à mão, ela conta: “Eles entregam o documento e mandam a gente preencher. Só fui entender que era isso quando fui pela primeira vez na reunião, quando fui convocada. E toda vez eles dizem que falta documento, mas não explicam exatamente o que está sendo feito”, disse Adelaide.
Nada menos do que 400 famílias serão removidas do local, segundo informações da CDHU. No entanto, nos projetos disponíveis no site da prefeitura de São Paulo, que tratam do impacto das obras, não consta qualquer remoção na área onde se encontram as comunidades. Além disso, o local não está destinado a qualquer estação, área de manutenção ou estacionamento. Mesmo a via de monotrilho que seguirá pela avenida Washington Luis até o aeroporto passa ao lado, e não sobre as casas. A assessoria do Metrô limitou-se a informar que a comunidade está no traçado do monotrilho, por isso será removida, e que serão construídas habitações no local.
A aposentada Euzina do Rosário, de 58 anos, afirma que vive na comunidade há 50 e está revoltada com a forma como a população vem sendo tratada. “Não quero sair daqui. Toda minha história, meus filhos, meus netos, tudo eu vivi aqui. Quando viemos morar aqui não tinha prédios, não tinha mercado, a Washington Luis era uma pista só. Agora que o bairro cresceu, ficou chique, veio o progresso, os pobres atrapalham e tem de sair?”, indigna-se. “Onde vou conseguir uma casa que caiba toda minha família, com essa indenização?”, questiona ela, que vive com as filhas, genros, filhos, noras, netos e bisnetos, totalizando 20 pessoas, no mesmo espaço.
De acordo com a conselheira tutelar Néia Arantes, de 44 anos, o Metrô e a CDHU estão agindo de má-fé com a população das comunidades. “Não houve estudo de impacto social com as famílias que vivem aqui há muitos anos, com as crianças em idade escolar. O acompanhamento é precário e não existe projeto de habitação da CDHU que sustente a afirmação deles de que serão construídas unidades habitacionais neste local”, explica Néia. A conselheira afirma que, no início, o Metrô informou que precisaria apenas da faixa mais próxima à avenida Washington Luis, mas agora vai remover as duas comunidades inteiras.
O motorista Luciano Pereira, de 48 anos, afirma ter ido morar no Comando em 1973. Ele relata que, além da falta de informações, a comunidade tem sofrido ameaças. “Indenização não vai resolver, não dá para comprar outra casa na região. Quero outra casa. Mas eles não presentaram projeto de moradias, só promessas. E já teve funcionário da CDHU que disse para a gente se não aceitar os termos, vai sair sem nada”, disse Pereira. O motorista questionou o fato de a indenização considerar no máximo dez anos de residência no local. “Construí minha vida aqui”, disse.
A aposentada Terezinha Alves, de 63 anos, tem uma razão além para se preocupar. Não só terá de sair da comunidade onde vive há 26 anos, como não receberá indenização ou moradia da CDHU. “Disseram que tem uma casa da CDHU no meu nome, comprada pelo meu ex-marido, e que por isso eu não tenho direito a nada. Estou separada dele há 26 anos e nem sei onde ele vive hoje em dia. Procurei a defensoria e me disseram para pedir tudo isso por escrito à CDHU, mas os funcionários se negaram a me entregar qualquer documento e agora não sei o que fazer”, explica Terezinha.
O assistente social Geilson Sampaio, que viveu 25 anos na comunidade e cuja mãe ainda vive lá, diz que tudo o que a comunidade quer é respeito e transparência no processo. “A única coisa que eles apresentam é uma maquete dos prédios. Não informam as pessoas, não apresentam documentos. Procuramos o Ministério Público e foram marcadas duas reuniões, entre comunidade, Metrô e CDHU, para discutir o processo. Porém ambas foram canceladas de última hora e agora comunidade está por conta”, afirma Sampaio.
RBA tentou por diversas vezes nos últimos dias falar com a promotora de Habitação e Urbanismo do Ministério Publico do Estado de São Paulo, Karina Keiko Kamei, que, segundo os moradores, foi notificada por eles sobre a situação. Até o fechamento da matéria, ela não atendeu à reportagem.


Arrependimento

Os moradores que já deixaram a comunidade estão arrependidos. Elias Simões, de 33 anos, observava a casa que deixou, com a esposa e três filhos, parcialmente destruída. 
“Eu aceitei R$ 100 mil de indenização e só consegui comprar uma casa, como a que tínhamos aqui, na cidade de Embu Guaçu. Eu fiquei com medo quando disseram que tínhamos de sair, que iam passar o trator, que o juiz ia mandar sair de qualquer jeito”, lamenta Simões. O ex-morador afirma que os funcionários do Metrô e da CDHU “arrebentam” a casa logo depois que o morador sai, “para evitar arrependimentos”.
As famílias que permaneceram no local afirmam ainda que as casas abandonadas tem gerado transtornos para eles. “Os funcionários inutilizam a casa e o entulho fica todo aí. Coisas que as famílias deixaram para trás são deixadas nas casas, servindo de criadouro para ratos, baratas e mosquitos. Além disso, as casas vazias tem sido invadidas por usuários de drogas, pondo em risco a segurança de quem vive aqui”, explica Sampaio.
Questionada sobre as denúncias apresentadas pelos moradores, a CDHU emitiu nota informando que está prestando "toda a assistência" aos moradores e que serão construídas aproximadamente 432 unidades habitacionais no local onde estão as comunidades. Mas admitiu que “o empreendimento está em fase de levantamentos e projetos”.

FONTE:http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/2012/10/moradores-denunciam-pratica-higienista-em-remocoes-para-linha-17-ouro-do-metro

A ÚLTIMA ELEIÇÃO SOB A TUTELA DA GLOBO



A sólida dianteira de Haddad em SP, reafirmada pelo Ibope e o Datafolha desta 5ª feira, deixa ao conservadorismo pouca margem para reverter uma vitória histórica do PT; talvez a derradeira derrota política do seu eterno delfim, José Serra. Ainda assim há riscos. Não são pequenos. Eles advém menos da vontade aparentemente definida do eleitor, do que da disposição midiática para manipulá-la, nas poucas horas que antecedem o pleito de domingo.

Há alguma coisa de profundamente errado com a liberdade de expressão num país quando, a cada escrutínio eleitoral, a maior preocupação de uma parte da opinião pública e dos partidos, nos estertores de uma campanha como agora, não se concentra propriamente no embate final de idéias, mas em prevenir-se contra a 'emboscada da véspera''. 

Não se argui se ela virá; apenas como e quando a maior emissora de televisão agirá na tentativa de raptar o discernimento soberano da população, sobrepondo-lhe seus critérios, preferências e interditos.

Tornou-se uma aflita tradição nacional acompanhar a contagem regressiva dessa fatalidade. 

A colisão entre a festa democrática e a usurpação da vontade das urnas por um interdito que se pronuncia de véspera, desgraçadamente instalou-se no calendário eleitoral. E o corrói por dentro, como uma doença maligna que pode invalidar a democracia e desfibrar a sociedade.

A evidencia mais grave dessa anomalia infecciosa é que todos sabem de que país se fala; qual o nome do poder midiádico retratado e que interesses ele dissemina.

Nem é preciso nominá-los. E isso é pouco menos que a tragédia na vida de uma Nação.

De novo, a maleita de pontualidade afiada rodeia o ambiente eleitoral no estreito espaço que nos separa das urnas deste 28 de outubro.
Em qualquer sociedade democrática uma vantagem de 15 pontos como a de Haddad seria suficiente para configurar um pleito sereno e definido.

Mas não quando uma única empresa possui 26 canais de televisão, dezenas de rádios, jornal impresso, editora, produção de cinema, vídeo, internet e distribuição de sinal e dados. 

Tudo isso regado por uma hegemônica participação no mercado publicitário, inclusive de verbas públicas: a TV Globo, sozinha, receberá este ano mais de 50% da verba publicitária de televisão do governo Dilma.

Essa concentração anômala de munição midiática desenha um cerco de incerteza e apreensão em torno da democracia brasileira. Distorce a vida política; influencia o Judiciário; corrompe a vaidade de seus membros; adestra-os, como agora, com a cenoura dos holofotes a se oferecerem vulgarmente, como calouros de programas de auditório, ao desfrute de causas e interesses que tem um lado na história. E não é o do aperfeiçoamento das instituições nem da Democracia.

O conjunto explica porque, a três dias das eleições municipais de 2012, pairam dúvidas sobre o que ainda pode acontecer em São Paulo, capaz de fraudar a eletrizante vitória petista contra o adversário que tem a preferência do conservadorismo, a cumplicidade dos colunistas 'isentos',a 'independência' do Judiciário e a torcida, em espécie, da plutocracia.

Não há nessa apreensão qualquer traço de fobia persecutória.

Há antecedentes. São abundantes a ponto de justificar o temor que se repitam.

Multiplas referenciais históricas estão documentadas. Há recorrência na intervenção indevida que mancha, enfraquece e humilha a democracia,como um torniquete que comprime a liberdade das urnas.

Mencione-se apenas a título ilustrativo três exemplos de assalto ao território que deveria ser inviolável, pelo menos muitos lutaram para que fosse assim; e não poucos morreram por isso. 

Em 1982, a Rede Globo e o jornal O Globo arquitetaram um sistema paralelo de apuração de votos nas eleições estaduais do Rio de Janeiro.

Leonel Brizola era favorito, mas o candidato das Organizações Globo, Moreira Franco, recebera privilégios de cobertura e genuflexão conhecidos. Os sinais antecipavam o estupro em marcha das urnas. 

Ele veio na forma de um contagem paralela - contratada pela Globo - que privilegiaria colégios do interior onde seu candidato liderava, a ponto de se criar um 'consenso' de vitória em torno do seu nome. 

O assédio só não se consumou porque Brizola recusou o papel de hímen complancente à fraude.

O gaúcho recém chegado do exílio saiu a campo, convocou a imprensa internacional, denunciou o golpe em marcha e brigou pelo seu mandato. Em entrevista histórica --ao vivo, por sua arguta exigencia, Brizola denunciou a manobra da Globo falando à população através das câmeras da própria emissora. 

Venceu por uma margem de 4 pontos. Não fosse a resistência desassombrada, a margem pequena seria dissolvida no contubérnio entre apurações oficiais e paralelas.

Em 1983 os comícios contra a ditadura e por eleições diretas arrastavam multidões às ruas e grandes praças do país. 

A Rede Globo boicotou as manifestações enquanto pode, mantendo esférico silêncio sobre o assunto. O Brasil retratado em seu noticioso era um lago suíço de resignação.

No dia 25 de janeiro de 1984, aniversário da cidade, São Paulo assistiu a um comício monstro na praça da Sé. Mais de 300 mil vozes exigiam democracia, pediam igualdade, cobravam eleições.

O lago tornara-se um maremoto incontrolável. A direção editorial do grupo que hoje é um dos mais aguerridos vigilantes contra a 'censura' na Argentina, Venezuela e outros pagos populistas, abriu espaço então no JN para uma reportagem sobre a manifestação. Destinou-lhe dois minutos e 17 segundos.

Compare-se: na cobertura do julgamento em curso da Ação penal 470, no STF, o mesmo telejornal dispensou mais de 18 minutos nesta terça-feira a despejar ataques e exibicionismos togados contra o PT, suas lideranças e o governo Lula. 

Naquele 25 de janeiro estava em causa, de um lado, a democracia; de outro, a continuidade da ditadura. 

Esse confronto mereceu menos de 1/6 do tempo dedicado agora ao julgamento em curso no STF. Com um agravante fraudulento: na escalada do JN, a multidão na praça da Sé foi associada, "por engano", explicou depois a emissora, 'a um show em comemoração aos 430 anos da cidade'. Passemos...

Em 1989, o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello realizariam o debate final de uma disputa acirrada e histórica: era o primeiro pleito presidencial a consoliar o fim da ditadura militar. 

No confronto do dia 14 de dezembro Collor teve desempenho pouco superior ao de Lula. Mas não a ponto de reverter uma tendência de crescimento do ex-líder metalúrgico; tampouco suficiente para collorir os indecisivos ainda em número significativo. 

A Globo editou o debate duas vezes. Até deixá-lo 'ao dente', para ser exibido no Jornal Nacional.

Collor teve um minuto e oito segundos a mais que Lula; as falas do petista foram escolhidas entre as suas intervenções mais fracas; as do oponente, entre as suas melhores. 

Antes do debate a diferença de votos entre os dois era da ordem de 1%, a favor de Collor; mas Lula crescia. Depois do cinzel da Globo, Collor ampliou essa margem para 4 pontos e venceu com quase 50% dos votos;Lula teve 44%. As consequências históricas dessa maquinação são sabidas. 

São amplamente conhecidas também as reiterações desse tipo de interferência nos passos posteriores que marcaram a trajetória da democracia brasileira. 

Ela se fez presente como obstaculo à vitória de Lula em 2002; catalisou a crise de seu governo em 2005 --quando se ensaiou um movimento de impeachment generosamente ecoado e co-liderado pelo dispositivo midiático conservador; atuou no levante contra a reeleição de Lula em 2006 e agiu na campanha ostensiva contra Dilma, em 2010.

A indevida interferência avulta mais ainda agora. Há sofreguidão de revide e um clima de 'agora ou nunca' no quase linchamento midiático promovido contra o PT, em sintonia com o calendário e o enrêdo desfrutáveis, protagonizados por togas engajadas no julgamento em curso do chamado mensalão'. 
Pouca dúvida pode haver quanto aos objetivos e a determinação férrea que vertem desse repertório de maquinações, sabotagens e calúnias disseminadas. 

Sua ação corrosiva arremete contra tudo e todos cuja agenda e biografia se associem à defesa do interesse público, do bem comum e da democracia social.Ou, dito de outro modo, visa enfraquecer o Estado soberano, desqualificar valores e princípios solidários que sustentam a convivência compartilhada.

Os governantes e as forças progressistas brasileiras não tem mais o direito --depois de 11 anos no comando do Estado- de ignorar esse cerco que mantem a democracia refém de um poder que só a respeita enquanto servir como lacre de chumbo de seus interesses e privilégios.

Os requintes de linchamento que arrematam o espetáculo eleitoral em que se transformou a ação Penal 470, ademais da apreensão com a 'bala de prata midiática' que possa abalar a vitória progressista em SP, não são fenômenos da exclusiva cepa conservadora. 

A conivência federal com o obsoleto aparato regulador do sistema de comunicações explica um pedaço desse enredo. Ele esgotou a cota de tolerância das forças que elegeram Lula e sustentam Dilma no poder. 

O país não avançará nas trasformações econômicas e sociais requeridas pela desordem neoliberal se não capacitar o discernimento político de mais de 40 milhões de homens e mulheres que sairam da pobreza, ascenderam na pirâmidade de renda e agora aspiram à plena cidadania.

A histórica obra de emancipação social iniciada por Lula não se completará com a preservação do atual poder de veto que o dispositivo midiático conservador detém no Brasil.

Persistir na chave da cumplicidade, acomodação e medo diante desse aparato tangencia a irresponsabilidade política. 

Mais que isso: é uma assinatura de contrato com a regressão histórica que o governo Dilma e as forças que o sustentam não tem o direito de empenhar em nome do povo brasileiro.

Que a votação deste domingo seja a última tendo as urnas como refém da rede Globo, dos seus anexos, ventríloquos e assemelhados. Diretas, já! Esse é um desejo histórico da luta democrática brasileira. Carta Maior tem a certeza de compartilhá-lo com seus leitores e com a imensa maioria dos homens e mulheres que caminharão para a urna neste domingo dispostos a impulsionar com o seu voto esse novo e inadiável divisor da nossa história.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

NOSSA LIBERDADE DEMOCRÁTICA AMEAÇADA?


BRASIL, 1964

MARCO AURÉLIO VOLTA A DEFENDER GOLPE DE 64: 'SEM A REVOLUÇÃO, O QUE TERÍAMOS?'
Durante entrevista, ministro do STF fala também em 'ares democráticos' para negar caráter político do julgamento do 'mensalão'

São Paulo – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello, um dos que ajudaram a condenar sem provas réus da Ação Penal 470, conhecida por “mensalão”, voltou a defender na noite de ontem (19) o golpe militar de 1964 no Brasil, que resultou numa ditadura de 21 anos e em milhares de mortos e desaparecidos.
Questionado sobre uma afirmação sua em fevereiro de 2010, quando disse que a ditadura foi “um mal necessário tendo em conta o que se avizinhava”, Marco Aurélio retrucou:
“Eu devolvo a pergunta: sem a revolução – eu não me refiro à ditadura, ditadura é outra coisa – o que teríamos hoje? Não sei”.
A nova declaração do ministro em favor do golpe aconteceu durante entrevista coletiva que antecedeu uma palestra que deu ontem na Universidade de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, sobre “Segurança Jurídica no País”.

Mensalão

Embora muitos dos seus pares no STF tenham destacado, durante declaração de voto, que bastavam indícios e “evidências” para condenar réus do “mensalão” – sobretudo José Genoino e José Dirceu – Marco Aurélio afirmou que a decisão foi “estritamente técnica” e se baseou em "provas" colhidas pelo Ministério Público.
“A premissa é de que o desfecho da votação dos diversos capítulos tenha decorrido da prova existente no processo”, disse.
Ele ressaltou, porém, que qualquer ministro pode mudar seu parecer antes que o resultado do julgamento seja proclamado pela corte. “Até a proclamação final, qualquer integrante pode reajustar o voto. Depois de formalizado o acórdão, não cabendo mais recurso, fica afastado o princípio da não culpabilidade”. 
Mesmo reiterando apoio ao golpe de 1964, Marco Aurélio socorreu-se da Constituição de 1988 – elaborada após o fim da ditadura – para defender o suposto caráter técnico do julgamento.
“O julgamento não é um julgamento político. Mesmo porque diante dos ares democráticos da Carta de 1988, nós não poderíamos cogitar de julgamento político”, disse.

Lula, o repórter e o 'leigo'

Com frases sinuosas, como é de seu estilo, Marco Aurélio enigmático ao falar sobre a criminalização do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva num eventual desdobramento do processo que está sendo julgado agora. 
Um jornalista quis saber dele sobre essa possibilidade. Citando o próprio Lula, que afirmou que já foi absolvido ao ser reeleito em 2006, o repórter perguntou ao ministro se “urna lava a honra de mensaleiro, de criminoso”. Resposta do ministro: “O presidente Lula não é, no processo, acusado. E evidentemente ele lançou algo que sensibiliza. Mas sensibiliza muito o leigo”.
Questionado em seguida se, com a condenação de “correligionários do ex-presidente Lula, que tem prestígio enorme hoje no Brasil”, o STF não corre o risco de se tornar impopular, o ministro afirmou: “Quando o convencimento do juiz coincide com os anseios populares, isso é muito bom. Mas há as situações concretas em que o Supremo é contra o majoritário, e ele precisa acima de tudo tornar prevalecente a Constituição Federal”.

sábado, 20 de outubro de 2012

SONINHA BOCA SUJA: SÓ PODIA SER DA TURMA DO SERRA


Soninha, o palavrão e a deriva da civilização


Soninha Francine espetou um palavrão em seu blog, em caixa alta, ao final do debate desta semana entre Fernando Haddad e José Serra. 

O exclamativo vai além do insulto pedestre e por isso -- somente por isso-- merece atenção.

O disparo dirigido ao petista, a quem se referiu como filho da puta, foi um grito de fracasso de quem sentiu a corda comprimir o costado, num duelo em que Serra tinha a obrigação de vencer. 

Soninha é responsável por aquilo em que se transformou.Mas o que ela deixou de ser envolve questões mais sérias do que a irrelevância de um palavrão. 

Soninha quer andar de bike; acha que a melhor ciclovia da praça é aquela desenhada com três pistas à direita formada pelo tridente Serra, Kassab & Roberto Freire. 

Ela costura por aí. Defende que o trio, e tudo o que ele representa no país, é 'do bem'. Já Haddad mereceria, na sua visão, o adjetivo que sapecou no primeiro impulso, atenuado depois para 'sujo', com a variação 'imundo', algumas linhas mais adiante.

Para quem deixou o PT em 2007 alegando intolerância ao pragmatismo feito de alianças amplas, e se propunha a resgatar os ideais pelos quais ingressara no partido em 2003, é uma contradição nos seus próprios termos. 

Soninhas, Gabeiras e equivalentes emergem no cenário político de forma recorrente. Chegam associados (nem sempre de verdade) ao precioso ideário geracional --jovem, idealista & libertário--, que encerra um esforço sincero de buscar harmonia entre valores, modo de vida e ação política. 

É necessário, hoje mais que nunca, que essa lufada se renove para sacudir a calcificação institucional que enrijece estruturas partidárias e reduz plataformas de mudança a escoras de permanência sistêmica. 

Existe um prazo de validade, porém, para transformar esse impulso em uma travessia consequente de longo curso, que dê densidade histórica ao embate contra estruturas que sonegam essa coerência à sociedade.

O prazo de validade de Soninha esgotou. 

Aos 44 anos ela não é mais uma colegial. Andar de bike e falar 'pô, meu' lhe renderam menos de 3% dos votos nas eleições deste ano. Ter jogado a toalha ao final do debate da Band deu-lhe mais audiência. O problema é que ela se arremessou junto para uma posteridade sem passado relevante. 

Seu maior patrimônio político, a grife 'oi pessoal, eu saí do PT', terá cada vez menos demanda no mercado de aluguel de trajes usados. 

A juventude idealista que talvez não encontre expressão satisfatória nas estruturas partidárias niveladas pelo ciclo neoliberal merece vocalizadores melhores. 

Sobretudo que preservem a disposição de ir além da polaridade enviesada que a trajetória de Soninha sugere ser a única possível. 

Entre o pragmatismo insatisfatório no qual patinam algumas alas da esquerda e o conservadorismo beligerante da decadência tucana, existem caminhos à espera de um ator político que não restrinja sua busca a uma ciclovia orientada pelo tenebroso espólio da desordem neoliberal. 

Carta Maior recomenda vivamente a seus jovens leitores --e aos demais também-- a leitura do manifesto dos economistas da Unicamp, 'Em Defesa da Civilização', publicado em sua página neste fim de semana.

Repousa ali a prova consistente de que o leque de escolhas da juventude pode - deve - ser maior do que o labirinto abafado no qual Soninha Francine encerrou a sua.

SERRA, O DESQUALIFICADO



José Serra mais uma vez hostiliza repórter; agora foi a vez da TVT

Tucano ignorou a profissional da emissora ao ser questionado sobre se utilizaria o julgamento do mensalão em sua campanha

Uma repórter da TV dos Trabalhadores, a TVT, foi hostilizada pelo candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, em coletiva de imprensa concedida hoje (11) após formalização do apoio do PDT à candidatura tucana neste segundo turno das eleições. O evento ocorreu na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, localizado no bairro da Liberdade, centro da capital.
Serra respondeu normalmente aos questionamentos de todos os veículos de comunicação, inclusive sobre o julgamento da Ação Penal 470, conhecida como mensalão, pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Quando a profissional da TVT lhe dirigiu a palavra, porém, o candidato do PSDB avistou seu microfone e, em vez de ouvir a pergunta, interpelou a jornalista:
– Perdão, o que é a TVT?
A repórter insistiu na pergunta:
– O assunto do mensalão vai ser bastante explorado pelo senhor no segundo turno?
– O que é TVT? Que é TVT? – insistiu José Serra.
– TV dos Trabalhadores – assentiu a jornalista.
– De onde?
– Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
– Tá bom, obrigado – finalizou o tucano, ignorando a questão.
É a segunda vez que José Serra hostiliza profissionais da nova mídia durante a cobertura da campanha eleitoral de 2012. No primeiro turno, o tucano irritou-se com um repórter da RBA após ser questionado sobre seu costume de apenas responder perguntas que favorecem sua candidatura. “Não respondo pergunta de sem-vergonha, só isso”, ofendeu. Após o ocorrido, o PSDB divulgou nota em que dizia que o repórter em questão havia sido enviado pelo PT para tumultuar a entrevista coletiva de seu candidato.