sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

MAIS UMA RASTEIRA DO SR. ALCKMIN DO PSDB


COMISSÃO DA VERDADE DE SP REPUDIA NOMEAÇÃO DE DELEGADO ENVOLVIDO EM SEQUESTRO NA DITADURA

Três dias antes de audiência sobre o caso ocorrido na ditadura, acusado por crime é promovido pelo governo Alckmin


São Paulo – A Comissão da Verdade de São Paulo iniciou ontem (21) a investigação sobre o sequestro e desaparecimento do corretor de imóveis Edgar de Aquino Duarte, em junho de 1971, por agentes da repressão. A audiência ocorre três dias depois de o governo Geraldo Alckmin (PSDB) nomear como delegado titular de Atibaia, interior do estado, o policial Carlos Alberto Augusto, acusado de participação neste e em outros crimes, inclusive sessões de tortura.
A nomeação motivou uma nota de repúdio da Comissão, emitida ontem (20). Na nota, os deputados estaduais que fazem parte do grupo lembram que O delegado é réu num processo criminal movido pelo Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo, pelo crime de sequestro qualificado do corretor.
Além disso, Augusto também é acusado de se envolver em outros desaparecimentos e de comandar sessões de tortura no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) entre 1970 e 1977.
De acordo com a Comissão, Edgar de Aquino Duarte não tinha participação em nenhuma organização política, mas foi obrigado a se exilar no México pela forte atuação junto à revolta de marinheiros ocorrida durante o governo de João Goulart (1961-1964). Duarte retornou ao Brasil em 1968 e viveu clandestinamente em São Paulo até 1971, quando foi preso pelo Dops e pelo DOI-Codi, tendo desaparecido em 1973.
Segundo Renan Quinalha, assessor da Comissão, não há marcos legais para impedir a nomeação de de pessoas como Augusto, mas deveria haver limites morais e éticos, pois ela “não respeita o período de consolidação democrática e de avanço dos direitos humanos que vivemos no país hoje”. Para Quinalha, o fato mostra a continuidade de traços autoritários dentro do Estado quase 30 anos depois do fim da ditadura (1964-1985).
“Esse autoritarismo se incrustou em varias instâncias do Estado e os órgãos de segurança pública convivem ainda hoje com pessoas acusadas de envolvimento com a repressão política. É preciso que a Comissão Estadual da Verdade esclareça esses envolvimentos para que nomeações como essa não aconteçam mais.”
Na audiência de hoje, foram ouvidas testemunhas que estiveram com Duarte no Dops, além do procurador federal Sérgio Suiama, que apresentou a denúncia do caso à Justiça Federal, em outubro de 2012.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

HÁ 20 ANOS, O 'REPÓRTER' LULA VISITAVA O 'BRASIL REAL'

Viagem ao 'Brasil real', como foi chamada a primeira Caravana da Cidadania, lembra transformações que o país viveu principalmente na última década


Lula cumprimenta pessoas durante passagem da Caravana da Cidadania na cidade de Medina, interior de Minas Gerais (Foto: Protasio Nene/Agência Estado)
Um anúncio feito no final de 2012 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que iria “voltar a andar pelo país”, atiçou obviamente a imprensa e a oposição, que começaram a falar sobre o incerto. E trouxe à lembrança as peripécias da Caravana da Cidadania, cuja primeira edição completará 20 anos no próximo mês de abril – haveria uma segunda em setembro e outras nos anos seguintes, pelo Norte e pelo Sul, totalizando mais de 500 cidades. Lula descarta relação entre aquela caravana e as viagens que pretende fazer neste ano. Mas tanto naquele momento como agora há os comentaristas habituais identificando supostas intenções – e, de olho em 2014, tentando atingir o legado do ex-presidente.
 Durante 20 dias, de 23 de abril a 12 de maio de 1993, a trupe liderada por Lula percorreu 4.500 quilômetros, visitando quase 60 cidades em sete estados, mostrando um país pouco visto, pouco falado e muito maltratado. Não foi uma visita pelas capitais ou pela orla brasileira, mas pelos chamados grotões, lugares distantes do noticiário e da ação do Estado. Como cantou Milton Nascimento, “ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil, não vai fazer desse lugar um bom país”..
Além de andar por onde ninguém queria ir, Lula inovou: em vez de discursar, ele entrevistava as pessoas, perguntava como elas viviam ali. Colecionou histórias dramáticas e alguns relatos pessoais, como o de uma senhora que revelou estar insatisfeita com o marido, que bebia muito. Deu bronca em um outro que contou, aos 41 anos, ter 12 filhos. E conversou com um senhor que a princípio ficou nervoso diante do “alto-falante” – como ele chamava o microfone –, mas depois não queria largá-lo. E disse a Lula: “O senhor me desculpe, mas nunca peguei no alto-falante, e agora eu vou falar!”



O projeto original das caravanas é de 1989, mas saiu do papel apenas em 1993. O objetivo, segundo seus idealizadores: levar Lula ao encontro do Brasil real. O jornalista Ricardo Kotscho, ex-assessor de imprensa de Lula, contaria depois que mesmo internamente, no PT, houve resistência. Alguns disseram, com certa dose de razão: “Cidadania? O povo desses lugares por onde vocês vão passar nem sabe o que é isso”.

Combate à fome

Parada no acampamento onde viviam 25 famílias: seis quilômetros de caminhada para conseguir água
(Foto: Protásio Nene/Estadão)
O Brasil de 1993 tinha acabado de derrubar o presidente Fernando Collor de Mello, substituído pelo vice Itamar Franco. Idealizador do chamado governo paralelo, Lula apresentou a Itamar um plano de combate à fome. Apenas dois dias depois do fim da caravana, em 14 de maio, o governo lançou o Conselho Nacional de Segurança Alimentar, tendo à frente o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, e o bispo dom Mauro Morelli, da diocese de Duque de Caxias (RJ). Nos milhares de quilômetros percorridos pela trupe, não faltaram exemplos de que a pobreza deveria ser uma questão prioritária para qualquer governante. E a avaliação corrente é de que muito do que se aplicaria posteriormente, já no governo Lula, começou a ser esboçado naquela viagem.
Passaram-se 20 anos, com dois períodos bem distintos: a primeira metade teve como grande marco a estabilização da moeda, enquanto a segunda iniciou um processo gradual de redução da pobreza. Dos últimos dez anos, oito tiveram o próprio Lula como presidente, que fez sua sucessora, Dilma Rousseff. Ainda que continue sendo um país muito desigual, nesse período o Brasil tirou milhões de pessoas da linha da pobreza, estabeleceu novos padrões de consumo e reverteu a tendência de informalização do mercado de trabalho. Se a comparação for com 1993, o número de empregos formais no país mais que dobrou.


‘Cutucar o diabo’

Dois dias depois do plebiscito nacional sobre forma (república ou monarquia) e sistema de governo (presidencialismo ou parlamentarismo), em 23 de abril de 1993 Lula desembarcou em Recife e fez uma declaração que de certa forma antecipou uma preocupação que se tornaria marca de seu governo: “Quero colocar os famintos do país no cenário político. A fome deve ser assumida não só pelo governo, mas pelos que comem”. Sobre a caravana, manifestou incerteza. “Não sei o que vamos encontrar. O que sei é que vamos cutucar esse diabo com vara curta.” 
O trajeto iria reconstituir a trajetória do próprio Lula, que em 1952, aos 7 anos, saiu de Garanhuns com a mãe e sete irmãos, rumo a São Paulo. Durante 20 dias, dois ônibus – um com Lula e convidados, outro com jornalistas – percorreriam dezenas de municípios do Nordeste e do Sudeste, cortando estradas de terra que cruzavam localidades quase esquecidas, distantes do “desenvolvimento” e com dificuldades de comunicação – ainda não existiam celular nem internet, o que muitas vezes causava aflição. Em certo local da Bahia, por exemplo, Kotscho chegou ávido à recepção de um hotel perguntando se ali havia jornais. A resposta foi singela: “Tem, mas é de outros dias”.
Em 12 daqueles 20 dias, a caravana percorreu quatro estados do Nordeste, “a região semiárida mais povoada do mundo”, como lembrou o geógrafo Aziz Ab’Saber, um estimulador da viagem pelo Brasil e que morreu em março de 2012. Percorreria ainda a região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, uma das mais pobres do país, Rio de Janeiro e São Paulo.
O geógrafo e o metalúrgico Lula com o professor da USP Aziz Ab’Saber,
estimulador da viagem pelo Brasil, que participou de algumas caravanas
(Foto: Sérgio Buarque de Holanda / Fundação Perseu Abramo)
No meio da conversa, um violão chega às mãos de Hilton Acioli – autor, em 1989, do jingle “Lula lá” e integrante do Trio Marayá, nos anos 1960. E ele canta a música-tema da caravana, Clareia:Uma das primeiras paradas no Brasil real foi em um acampamento no Sítio Poço Doce, em São Bento do Una, agreste pernambucano. Ali ficavam 25 famílias, tentando sobreviver, acordando de madrugada para andar seis quilômetros atrás de água. “Toda a produção que existe nesta terra é nossa. Esta área é totalmente abandonada, menos o roçado que a gente fez. A única vez que ele (proprietário) apareceu aqui foi para nos intimidar”, relatou o representante do acampamento, José Maria da Silva. Para aquelas pessoas, não era incomum se alimentar de um peixinho chamado chupa-pedra. “É a descoberta de sobreviver por meio do que sobrevive na lama”, observou o professor Aziz, conforme anotou o jornalista e escritor Zuenir Ventura, que também andou uns dias por lá.
“Duvido que um homem queira tudo/

Quando tem quem não tem nada/

Desde que nasceu”.

Coordenador da caravana, Francisco Rocha da Silva, o Rochinha, lembrou em entrevista à TVT que o objetivo era “ouvir o que as pessoas pensavam”. Ele chefiou a equipe que andou antes para mapear os locais. A viagem foi bem planejada, mas todo roteiro acaba tendo seus desvios. Em muitos lugares, a população bloqueava a estrada e fazia com que os ônibus desviassem para este ou aquele lugar. “Na grande maioria dos casos, a gente tinha de sair da trajetória”, disse Rochinha.


Faroeste sertanejo

O marco da caravana de 1993 foi, certamente, a passagem pela cidade de Canapi, no sertão de Alagoas. Local emblemático, por ser a terra natal da família Malta, de Rosane Collor, primeira-dama até o ano anterior. Lugar de pistoleiros e de um certo faroeste. Em 1991, um dos irmãos de Rosane havia atirado contra o prefeito, e o bar onde a história aconteceu quase virou atração turística. Em agosto de 1992, Ricardo e seu irmão Ronaldo Kotscho, fotógrafo, foram a Canapi, a trabalho, e acabaram expulsos por um segurança dos Malta.
“Era uma temeridade (ir a Canapi). Até eu dei um passo atrás. Mas o presidente Lula deixou muito claro que era uma das cidades em que ele fazia questão de passar”, recordou Rochinha. Passou, foi recebido por uma multidão, andou pelas ruas e nada anormal aconteceu. Susto, com a visão do Centro Integrado de Atendimento à Criança (Ciac), uma obra luxuosa no meio da pobreza e sem funcionar – batizada por Zuenir Ventura como um “monumento à insensatez”. Ele descreveria assim o Ciac: “Construído num descampado, o visitante se aproxima dele – ou ele do visitante, não se sabe bem – como se fosse uma miragem, uma ilusão de ótica provocada pela inclemência do sol”. 
Em Águas Belas, Pernambuco, Lula falou a uma multidão que se alimentava de palma,
planta típica da caatinga, usada para alimentar o gado em estiagens prolongadas

(Foto: Protásio Nene / Estadão)
Atual secretário de Direitos Humanos do município de São Paulo, Rogério Sottili acompanhou o grupo que percorreu o país antes de Lula para mapear cada local, fazer contatos e identificar possíveis problemas. Ele lembra que a recomendação foi para não passar por Canapi. “Ninguém falou com a gente. Todo mundo andava armado”, recorda Sottili, que na época trabalhava na Secretaria Agrária do PT.
 Em sua primeira fase, o grupo precursor era formado por Sottili, a jornalista Cyntia Campos e três seguranças, também responsáveis pela logística. O diagnóstico era feito com movimentos sociais, sindicatos, associações, igrejas e, quando possível, prefeituras, além dos contatos com a imprensa local. As indicações que seriam usadas na caravana eram minuciosas – chegavam a apontar, por exemplo, que em determinado quilômetro de uma estrada havia um buraco. Em São Paulo, pessoas como Clara Ant e José Graziano preparavam relatórios detalhados com indicadores econômicos e sociais, entre outras informações. Clara é assessora de Lula até hoje. Graziano integraria o Programa Fome Zero, implementado no início do governo do petista, e em 2011 tornou-se o primeiro brasileiro a se tornar diretor-geral da FAO.


Achismo

Para José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão de Lula, a caravana representou um segundo retorno à terra de origem. Ele esteve lá no final de 1964, após cinco dias de viagem. Ficou 15, ganhou um jipe no bingo com um amigo, vendeu e, na volta a São Paulo, comprou sua primeira casa. Em 1993, constatou que muita coisa ainda não tinha mudado, com o poder local concentrado em determinadas famílias e regiões isoladas. Além disso, permanece o desconhecimento em relação à realidade do Norte/Nordeste. “Tem um monte de achismo”, diz Frei Chico.
A ignorância também se dá em relação aos fatos históricos. Ele cita casos como o de Delmiro Gouveia, empresário precursor assassinado em 1917 que hoje dá nome a uma cidade no sertão de Alagoas, na divisa com Bahia, Pernambuco e Sergipe. Ou sobre a cidade baiana de Cachoeira, pioneira na luta pela independência do Brasil.
Duas coisas, particularmente, impressionaram Frei Chico durante a viagem: a realidade dos trabalhadores do sisal, muitos deles mutilados, e a contaminação do Rio Jequitinhonha, em Minas Gerais, por mercúrio, usado na extração do ouro. “Acho que isso (preservação ambiental) é o grande drama brasileiro, a grande luta nossa no futuro”, afirma, acrescentando que é possível “crescer sem destruir”.
Ele também guardou boas lembranças, como uma disputa de sanfoneiros no interior da Bahia, que lamenta não ter visto até o fim. Do ponto de vista político, Frei Chico percebeu a necessidade de buscar união mesmo com aqueles com outros pontos de vista, para começar a mudar o país – e a situação melhorou bastante de lá para cá. Com certeza, observa, “a caravana ajudou muito o Lula a formar a sua visão de Brasil”. Sottili reforça: “Acima de tudo, ele queria mostrar o país”.

Debate subterrâneo
Duas décadas separam iniciativas semelhantes, o conselho de combate à fome instalado pelo presidente Itamar Franco por sugestão de Lula e uma parceria entre a Comissão da União Africana, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e o Instituto Lula, a fim de discutir soluções para o mesmo problema na África. Uma reunião com líderes locais e mundiais está prevista para o início de março, em Adis Abeba, na Etiópia.

Isso remete a um debate ainda subterrâneo, que já começou a ser feito pela imprensa, sobre as realizações do governo Lula. Este mês, o ex-ministro Luiz Dulci lança um livro justamente para analisar “as escolhas realizadas nos dois últimos mandatos presidenciais”. Muitas dessas opções eram discutidas no período da caravana: valorização do mercado interno, maior presença do Estado como indutor da economia, incentivo ao desenvolvimento regional e prioridade ao social.

“Estatisticamente, em 2011 o Brasil atingiu o menor nível de desigualdade de sua história”, declarou recentemente o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Neri. Ele lembra que a desigualdade brasileira ainda é uma das 15 maiores do mundo, mas observa: “Sem as políticas redistributivas patrocinadas pelo Estado brasileiro, a desigualdade teria caído 36% menos na década”.

Rogério Sottili não tem dúvida de que as diversas políticas públicas – como o Bolsa Família e o Luz para Todos – implementadas a partir do governo Lula tiveram como nascedouro as Caravanas da Cidadania, da qual ele foi precursor na primeira edição, em 1993. “O Estado chegou a esses lugares”, observa.

A MELHOR DÉCADA DA NOSSA HISTÓRIA RECENTE

“Nós brasileiros sabemos qual a melhor década da nossa história recente”, afirma Dilma

Presidenta Dilma Rousseff discursa durante o ato do PT em São Paulo (Foto: www.pt-sp.org.br
)
Ato dessa quarta-feira (20) deu início à série de 13 seminários que percorrerão o Brasil para discutir os 10 anos de Governo Democrático e Popular construídos pelo PT e sua base aliada.

”Lamento que tenham companheiros que não conseguiram entrar, mas é assim: a gente cresceu!”. Começou assim a fala da presidenta Dilma Rousseff na noite de hoje (20), duranto o ato pelos 10 anos de Governo Democrático e Popular. Ao lado de Lula, Fernando Haddad, Rui Falcão, Marcio Pochmann e os presidentes das siglas que compõem a base do governo, a petista destacou os avanços conquistados por milhões de brasileiros na última década e lembrou a importante atuação da militância na eleição do presidente que deu início a esse processo.

“Essa década, companheiros e companheiras, tem milhões de construtores, mas essa década tem e teve o seu líder. Esse líder chama-se Luiz Inácio Lula da Silva. E completou: “Foi ele, que com coragem e pioneirismo, começou a fechar a porta do atraso e a escancarar a porta das oportunidades para milhões de brasileiros e brasileiras, de todas as raças, de todas as classes sociais e de todos os credos. Não por acaso, essa porta aberta deu o primeiro operário presidente e deixou entrar também a primeira mulher presidenta. E esse país não elegeria um operário presidente e uma mulher presidenta se não tivesse a combativa militância do Partido dos Trabalhadores”.

Dilma destacou as várias ações desenvolvidas pelo Governo Federal nesses 10 últimos anos – desde os 19 milhões de brasileiros que hoje trabalham com carteira assinada, passando pela lei de cotas, até chegar ao ato assinado ontem (20), que delibera a inclusão de 2,5 milhões de pessoas no Programa Bolsa Família. “O fim da pobreza é apenas o começo”, destacou a presidenta.

A petista abordou ainda a questão da redução da energia elétrica e aumento de oferta do serviço. “Nós não herdamos nada. Nós construímos isso”. E frizou: “O povo sabe, acima de tudo, que o nosso governo jamais abandonou os pobres. E como nosso governo jamais abandonou os pobres, é justamente por isso que a miséria está nos abandonando”.

Com o bom humor usual, Lula afirmou que os 10 anos comemorados consagram um novo jeito de fazer política no Brasil. Após ler trechos de seu discurso de reeleição, o ex-presidente exaltou a democracia da gestão petista, sua busca pela transparência - nunca antes vista na história desse país – e a atuação frustrada dos adversários na tentativa de desqualificar os avanços conquistados pela legenda com apoio de sua base.

“Nós não temos medo da comparação. Inclusive, comparação no debate da corrupção”, disse, ao citar uma entrevista concedida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que se mostrava nervoso com a elaboração de uma cartilha – PT 10 Anos de Governo, o Decênio que Mudou o Brasil – onde dados das duas gestões são comparados estatísticamente. “A diferença desses 10 anos qualquer mulher sabe, qualquer homem que reparta as tarefas de casa também sabe que tem duas formas de sujeira aparecer: uma é você mostrar e a outra é você esconder. E assim de cara limpa, olhando para vocês, digo que eu duvido que tenha na história do país um governo que criou mais instrumentos e mais transparência para combater a corrupção do que o nosso”.

E reforçou sua escolha pelo nome de Dilma. Afirmou que a primeira vez que votou para presidnete da República foi para escolher seu próprio nome. “ A segunda votação que eu fiz foi em mim mesmo. A terceira votação foi em um poste [apontando para Dilma] que está iluminando o Brasil”, disse pouco antes de assegurar que a melhor resposta aos ataques sofridos pelo PT é a reeleição de Dilma em 2014.

Haddad agradeceu Dilma e Lula em nome de diversas lideranças que acompanhavam o ato pelo privilégio de ter servido e de estar servindo ao governo dos presidentes que transformaram a realidade da nação. “De um país, chamado Brasil, que quer se encontrar de uma vez por todas com a justiça social”.

Lembrando frases históricas, Rui Falcão, presidente nacional do PT, lembrou que o modo petista de governar deu autonomia aos brasileiros, tirando a população da condição de expectador e transformando-a em agente. O petista destacou ainda duas reformasnecessárias para a manutenção da democracia: a reforma política e também a regulamentação da comunicação, ou lei de meios. Já Pochmann, reforçou a ideia de avanço – quando uma sociedade primitiva elitista passou a olhar para as camadas mais baixas seguindo o exemplo de seus representantes na esfera federal.

Participaram ainda, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, deputados (as) estaduais e federais, o senador Eduardo Suplicy, parlamentares de estados vizinhos, ministros e representantes e presidentes da base aliada do governo Alfredo Nascimento (PR); Carlos Lupi (PDT); Ciro Moura (PTC); Gilberto Kassab (PSD); Eduardo Lopes (PRB); Renato Rabelo (PC do B); Roberto Amaral (PSB); Robson Amaral (PTN); Valdir Raupp (PMDB).

Transmissão TVLD

Todo o ato foi transmitido pela TVLD em tempo real. Ao longo da noite, cerca de 60 mil acessos – via Portal Linha Direta - foram computados em todo o país . Ao menos sete estados, representados diretórios estaduais e blogueiros, rebateram o sinal da atividade – fator que amplia ainda mais o alcance total da transmissão.








FONTE:(Aline Nascimento - Portal Linha Direta)

O MEU BRASIL VAI CONTINUAR MUDANDO!

Em ato do PT, Lula afirma que resposta a críticos será reeleição de Dilma em 2014


Em comemoração de dez anos de governos petistas, ex-presidente afirma que quer comparações com gestões anteriores no campo social, econômico e também no tema corrupção

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem (21) que a resposta que o PT deve dar aos seus críticos será a uma nova vitória da presidenta Dilma Rousseff em 2014. Não é a primeira vez que Lula afirma manifesta que a atual presidenta tem sua preferência para disputar a reeleição em 2014, Mas foi a mais defesa mais categórica até aqui, num dia em que o partido foi bombardeado por críticas como que setores da imprensa tentaram se antecipar à festa. “Eles podem se preparar, podem juntar quem eles quiserem, porque, se eles têm dúvida, nós vamos dar como resposta a reeleição da Dilma em 2014", afirmou, ao lado da presidente.
Lula fez discurso contundente, misturando críticas à oposição e bom humor. Provocou os jornalistas presentes afirmando que quando critica a cobertura da imprensa, dizem que é atacado; e quando a imprensa o ataca, dizem que e crítica. Comentou o discurso de Aécio Neves (PSDB-MG) na tribuna do Senado, que elencou “13 erros” dos governos do PT, e convocou o s senadores do partido a se fartarem com o debate do tema no plenário da Casa. No final do ano, Aécio teve o nome lançado para em disputa em 2014 por Fernando Henrique Cardoso.
O ex-presidente tucano havia demonstrado irritação com a agenda petista do dia, já que a festa previa elencar resultados alcançados nos últimos dez anos a serem comparados com a gestão do PSDB. FHC havia dito que o PT precisa crescer, parar de ficar fazendo comparações, e fazer propostas para o futuro. Lula rebateu. Disse que as comparações são necessárias, e que devem ser feitas em todas as áreas: social, econômica, externa e, inclusive, na corrupção.
Sobre o início do período de uma década de governo do partido, disse que em 2003, no começo do primeiro mandato, "tinha a convicção de que não podia errar, porque eles são implacáveis. Eles não gostam de governo de esquerda e de governo progressista", afirmou.
O ato comemorativo do PT deu início a uma série de seminários que serão realizados no país, em parceria com o Instituto Lula e a Fundação Perseu Abramo. Importantes lideranças da legenda, entre parlamentares, ministros, prefeitos e governadores, marcaram presença. Lideranças do PR, PSB, PCdoB, PSD e PDT, integrantes da basse alidada, também discursaram.
 O auditório do hotel Holiday Inn ficou lotado, havia ainda centenas de pessoas do lado de fora acompanhando o evento pelo telão e mais de 60 mil pessoas acompanharam pela internet, segundo os organizadores. O evento fez parte das comemorações dos 33 anos de fundação da legenda. O próximo ato será realizado dia 28, em Fortaleza.
Em sua fala, Lula mencionou os índices sociais e os que mostram a evolução do emprego, e o sucesso da política econômica de sua gestão e de Dilma para dizer que os dados estão deixando os adversários "inquietos".
A presidenta Dilma fez um discurso longo e recheado de números e estatísticas para respaldar, no discurso, "a escolha pelo social" dos governos petistas. Ironizou as dúvidas sobre a redução da energia elétrica, divulgadas pelos partidos de oposição e por setores da mídia quando do anúncio da medida, e disse que esse discurso midiático-político continua.
"O mesmo tipo de previsão equivocada e tendenciosa começa agora a se repetir em relação à capacidade do Brasil de aumentar seu ritmo de crescimento e manter a estabilidade econômica. Repito: nossos fundamentos estão cada vez mais sólidos", garantiu a presidenta. Segundo ela, o seu governo, que enfrentou "uma das maiores crises internacionais da história, está mais do que preparado para enfrentar os desafios do presente e do futuro".
Por: Eduardo Maretti, da Rede Brasil Atual
Publicado em 20/02/2013, 23:20
Última atualização em 21/02/2013, 11:49

.Tags: lula, dilma, pt
FONTE:http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/2013/02/lula-resposta-criticos-sera-reeleicao-dilma-2014

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

SÃO PAULO: "A HERANÇA DE DEVASTAÇÃO"


São Paulo terá de lidar com 'herança de devastação'


São Paulo – O secretário municipal de Serviços de São Paulo, Simão Pedro (PT), disse, em entrevista à RBA, que a iluminação pública e a limpeza urbana foram deixadas sucateadas pelas gestões anteriores, de Gilberto Kassab (PSD) e José Serra (PSDB), e que encontrou em sua pasta o resultado do que classifica como uma política de desmonte. "Eles cumpriram o papel de enfraquecer o Estado", afirma. Segundo o secretário, um exemplo é a coleta seletiva de lixo, área na qual Serra "fez um grande desserviço à cidade de São Paulo", com o corte de verbas. 
Morador da zona leste, Simão Pedro é graduado em Filosofia e tem mestrado em Sociologia Política pela PUC-SP. Um dos dois deputados estaduais nomeados pelo prefeito Fernando Haddad, reelegeu-se em 2010 para seu terceiro mandato na Assembleia Legislativa pelo PT, com 118.453 votos. 
No parlamento estadual, foi presidente da Comissão de Serviços e Obras Públicas e líder do partido entre 2007 e 2008. Ao ser nomeado  presidia a comissão de Educação e Cultura da Assembleia. 
Segundo Simão Pedro, a cidade hoje recicla apenas 1,5% de todo o lixo produzido, e a meta da atual gestão é chegar a 10% daqui a quatro anos. Ele propõe oferecer internet grátis na cidade a partir da periferia e afirmou que a Copa do Mundo, que será realizada em 2014 no Brasil, é um dos seus maiores desafios. "Até agora, nada foi feito da nossa pasta."
Confira a entrevista.

Quais são as principais dificuldades deste início de sua gestão. Como recebeu a pasta do governo anterior?

Pegamos uma herança de devastação da máquina pública. Kassab e Serra cumpriram o papel de enfraquecer o Estado. Por exemplo, a Ilume – departamento da prefeitura que cuida da iluminação pública – está totalmente desaparelhada, serviços todos terceirizados. Perdeu-se a capacidade de planejar e fazer controle. A Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana), que cuida da limpeza da cidade e gere contratos da ordem de R$ 150 milhões por mês, também está desaparelhada, sucateada.
Uma de nossas tarefas é implantar uma autarquia prevista em lei de 2002, o que não foi feito, fazê-la funcionar para que ela consiga gerenciar, acompanhar e fiscalizar esses contratos de serviços de limpeza na cidade. A mesma coisa com o serviço  funerário, uma máquina de corrupção descontrolada e serviços muito mal prestados. Ou os telecentros, que não se renovaram. Temos uma tarefa imensa de melhorar esses serviços, tentar diminuir os custos, dar mais eficiência aos contratos, aumentar nossa capacidade de planejar, fiscalizar e gerenciar. Hoje São Paulo recicla 1,5% de todo o lixo. Temos a meta de chegar a 10% daqui a quatro anos. 

Há um cronograma para se chegar a esses 10%?

Na questão da reciclagem, dos 96 distritos da cidade só 74 têm coleta diferenciada.  Uma vez por semana os caminhões das empresas de limpeza recolhem o lixo que vai ser destinado às 20 centrais de reciclagem instaladas na cidade. Somente 40% das residências de São Paulo são atendidas por esse serviço – o que é muito pouco para uma cidade que produz tanto lixo.
Condomínios, shoppings, grandes geradores de resíduos diariamente, pela lei devem contratar um serviço particular de recolhimento. Depois que a taxa de limpeza foi extinta, a cidade de São Paulo recolhe lixo gratuitamente do pequeno gerador (que produz até 200 litros de resíduos por dia). Acima disso há mais de 50 empresas cadastradas na Amlurb para fazer a coleta particular. 
A nossa meta é levar a reciclagem para toda a cidade e implementar mais 17 centrais de reciclagem, trabalhar os resíduos da construção civil, já que muitos podem ser reciclados. É uma meta ousada, mas vamos trabalhar muito para que a cidade tenha a sensação de que estamos diminuindo o volume de lixo levado para os aterros e estamos ampliando o conteúdo reciclado. Agora, claro que esse é um trabalho de longo prazo, que envolve educação ambiental, conscientização e medidas que devemos aperfeiçoar e implementar aos poucos.

A rede de articulação Coleta Seletiva do Butantã divulgou um estudo recente que aponta que descartamos 93,6% de resíduos sólidos secos, que poderiam virar material reciclável. Há algo referente a isso previsto na revisão do Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos?

Vamos aproveitar este ano, quando vai acontecer a Conferência Nacional de Meio Ambiente, para realizar um encontro municipal e o tratamento dos resíduos sólidos será o tema principal. A conferência nacional vai acontecer em outubro e queremos realizar a etapa municipal até agosto. Vamos revisar o Plano para tratar esse tema com cuidado, em debate com a sociedade paulistana, porque ela ainda não foi envolvida e não discutiu o problema. 
É bom ressaltar que o ex-prefeito José Serra fez um grande desserviço à cidade de São Paulo. Ele exigiu um corte de cerca de R$ 1 bilhão no contrato de concessão de 20 anos, que começou em 2004, postergou para o fim do contrato a ampliação dos investimentos em coleta seletiva e implementação das centrais de coleta.
Pela concessão feita pela ex-prefeita Marta Suplicy, as concessionárias que fazem a coleta do lixo na cidade deveriam fazer investimentos, principalmente em educação ambiental e implantação das centrais de reciclagem. O que o Serra fez foi jogar para o final do contrato.
O ex-prefeito Kassab fez o pagamento no final do governo, o chamado "equilíbrio econômico financeiro". Apoiamos o pagamento desse equilíbrio, mas exigindo que os investimentos fossem trazidos para mais perto. Por exemplo, a coleta aos domingos, ações de educação ambiental e implantação dessas 17 centrais que serão feitas até 2016. 

Em matéria de O Estado de S. Paulo no início de mês, o senhor comentou que a prefeitura vai oferecer internet grátis em toda a cidade, mas a avenida Paulista aparece como prioridade. Por que a Paulista, se há uma periferia imensa e carente desse serviço?

Eu citei a Paulista como um exemplo de uma região da cidade que tem um grande fluxo de pessoas, onde transitam muitos  jovens. Tenho gravado, não disse que a Paulista seria prioridade. Disse que começaríamos pela periferia e, até junho, julho, queremos abrir o sinal em alguns pontos da cidade para mostrar para a população que esse serviço é possível.
Eu falei da Cidade Tiradentes, da favela de Paraisópolis, São Miguel Paulista, parques como o Anhangabaú e a Paulista. Até julho, pretendemos apresentar ao prefeito um plano de como será aberto o sinal na cidade como um todo, em que regiões e que modelos vamos utilizar. Pelas conversas que tenho tido com alguns especialistas, eles dizem que São Paulo precisa ter um modelo único, por exemplo, estender cabos de fibra ótica por toda a cidade e a partir daí abrir uma antena. Podemos ter roteadores, vários modelos na cidade.
A Paulista é uma região importante, onde transitam muitas pessoas. Mas, por exemplo, na região central circulam 2 milhões de pessoas. Evidente que, abrindo sinal na Praça da Sé, no Anhangabaú e na Praça da República, vamos atingir uma parcela grande da população da cidade inteira.
Mas ainda não temos o plano desenhado. Citei esses bairros como exemplos de regiões importantes, mas vamos estudar ainda e, até junho, vamos apresentar um plano ao prefeito para trabalhar nos próximos quatro anos. Também estamos preocupados evidentemente com a Copa. São Paulo vai receber seis jogos, além da abertura.

Em termos de gestão, a perspectiva da Copa do Mundo atrapalha ou ajuda?

A Copa é uma oportunidade. Vamos receber muitos turistas, que vão circular pela cidade, conhecer nossos monumentos, museus, parques. Então, é evidente que queremos oferecer esses serviços aos cidadãos da cidade e também aos cidadãos do mundo que vierem para usufruir desse período em São Paulo e possam se comunicar. A Copa permite deixar um legado e, quem sabe, possamos conseguir investimentos, recursos, patrocínios. Como a Copa é em 2014, a gente trabalha com o tempo e isso exige um trabalho mais preciso do poder público, com cronograma mais apertado.

 Para a pasta de Serviços, o que está sendo mais difícil resolver para a Copa do Mundo?
Até agora, nada foi feito da nossa pasta. A antiga administração fez muito pouco, criou um comitê e se preocupou muito com a construção do estádio. O prefeito Fernando Haddad nomeou a vice-prefeita Nádia Campeão para presidir o comitê (Comitê Integrado de Gestão Governamental Especial para a Copa do Mundo de Futebol de 2014 – SPCopa) e ela está trabalhando intensamente. 
Queremos fazer uma Copa do Mundo sustentável e trabalhar a reciclagem intensamente. Estou indo ao Rio (a entrevista foi gravada na terça-feira, 19) para uma reunião no BNDES – que tem uma linha de financiamento praticamente a fundo perdido para investimentos na coleta seletiva e na modernização das centrais. O Rio de Janeiro, por exemplo, recebeu um investimento do BNDES de R$ 50 milhões, a prefeitura de Osasco recebeu R$ 10 milhões e a cidade de São Paulo não foi atrás na gestão anterior. Agora espero receber uns R$ 70 milhões para investir. Esse recurso está à disposição, por causa da Copa do Mundo.

Em relação à segurança pública, Alckmin e o Haddad fizeram parcerias pelas quais o governo do estado mapearia áreas mal iluminadas, por meio da PM, enquanto a prefeitura entraria com o serviço propriamente dito. Isso está vigorando?

Na minha pasta, foi assinado um termo de cooperação entre a Secretaria de Segurança Pública (SSP, estadual) e a Secretaria de Segurança Urbana (municipal). A minha secretaria acabou entrando por conta da iluminação pública, que tem a ver com segurança urbana. A SSP ficou de nos oferecer o mapeamento das ocorrências de crimes de maior incidência (estupros, assaltos, furtos) e vamos olhar com mais atenção esses locais para reforçar e modernizar o sistema de iluminação nesses pontos.

Mas essa parceria já está vigorando na prática?

Não recebemos ainda os dados da Secretaria de Segurança Pública. A Secretaria de Segurança Urbana fez um relatório do mapeamento que a Guarda Metropolitana fez de pontos escuros, onde a iluminação é precária e tem problemas de manutenção. Vamos lançar um programa chamado "Segurança e Cidadania" para dar atenção máxima para esses locais e também reforçar e modernizar a iluminação com prioridade para os lugares com grande frequência de público – escolas, hospitais, estações de trem e metrô, terminais de ônibus. 
Vamos fazer uma nova licitação para o sistema de manutenção, reforma e remodelação da iluminação pública, porque o contrato em vigor termina em julho deste ano.  

E a chamada transversalidade, como vai ajudar a sua secretaria? Existem estudos sendo feitos conjuntamente com outras pastas?
Sim. Vou dar um exemplo: saiu um decreto instituindo um grupo de trabalho entre secretarias de Planejamento, de Cultura e de Serviço para pensarem juntas o oferecimento do serviço de wireless gratuito na cidade. O governo criou também grupos de gestão integrada entre as 27 secretarias. A minha secretaria é o grupo da gestão integrada de desenvolvimento territorial, que engloba a Secretaria de Serviços, de Administração das Subprefeituras e de Segurança Urbana. Por exemplo, com a Secretaria de Administração de Subprefeituras, fazemos esse trabalho de diminuir os pontos de alagamentos constantes – já mapeamos 132 pontos.
Estamos intensificando juntos a limpeza de ramais e galerias. No Brás, estamos fazendo uma ação de mudança de horário da coleta do lixo (leia aqui). O prefeito prefere trabalhar assim: não tratar as secretarias como caixinhas isoladas, porque isso não dá eficiência, nem efetividade. Essa integração melhora sensivelmente a qualidade da gestão pública.


O senhor se reuniu com a Amlurb e com os catadores de material reciclável, que sofreram muito na gestão Kassab. Como vai atender esses trabalhadores?

Primeiramente, a reunião foi histórica porque eles disseram que nunca foram recebidos na secretaria. Queremos articular as secretarias de Serviços, de Direitos Humanos, Assistência Social, Desenvolvimento Econômico e Trabalho e de Meio Ambiente, e os catadores e suas organizações. Um comitê com representantes dessas secretarias se reunirá periodicamente, para pensar de forma integrada o trabalho da coleta seletiva.
Falamos da conferência municipal e do Plano de Gestão Integrada de Resíduos que vamos rever, construir juntos, e a coleta seletiva solidária, fazer aqui em São Paulo como na política nacional – o governo Lula fez isso bem, em todos os órgãos públicos e ministérios. Estamos fazendo um diagnóstico e conhecendo cada uma das cooperativas e seus problemas.
Os catadores são importantes, e vamos tratá-los com todo o respeito, como atores fundamentais, mais do que isso, agentes ambientais da cidade, e temos que tratá-los assim, e apoiá-los nas reivindicações, capacitar as cooperativas, buscar dar mais eficiência.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

COMISSÃO DA VERDADE APURA RELAÇÃO DA FIESP E DO CONSULADO DOS EUA NA DITADURA BRASILEIRA


Documentos oficiais serão apresentados em audiências públicas na ALESP

A Comissão da Verdade do Estado de São Paulo realiza uma série de audiências públicas para apurar a relação entre a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e do Consulado dos Estados Unidos com os órgãos de repressão que atuaram na ditadura militar. Os indícios estão em documentos oficiais que a Comissão apresentará entre os dias 18 e 28 de fevereiro.
A primeira audiência acontece nesta segunda (18), a partir das 14h, no Auditório Paulo Kobayashi da Assembleia Legislativa paulista (Av. Pedro Álvares Cabral, 201 – Ibirapuera) e contará com a participação de João Batista Gomes, secretário de Políticas Sociais da CUT São Paulo.
Ex-presos políticos e familiares de vítimas da ditadura denunciam há anos o financiamento da repressão por empresários. Citam, inclusive, a existência de uma “lista negra” com nomes de militantes sindicais que não conseguiam emprego nas corporações ligadas à FIESP.
“Para a CUT/SP, é extremamente importante averiguar os casos porque muitos companheiros, trabalhadores e sindicalistas, foram mortos e estes crimes ainda não foram apurados”, destaca João. Ele lembra que o dinheiro dos empresários financiava, ainda, grupos de extermínio como o Esquadrão da morte e outras atividades paralelas dos torturadores.
O apoio norte-americano ao golpe militar de 1964 e à manutenção da ditadura também é denunciado há tempos, sendo emblemática a Operação Brother Sam, na qual o Estados Unidos se uniu aos golpistas para garantir a saída do presidente João Goulart, incluindo aporte bélico para dar fim ao governo progressista que seguia no Brasil.
Segundo o historiador Carlos Fico, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autor de O Grande Irmão - Da operação Brother Sam aos anos de chumbo, há diversos documentos do Departamento de Estado norte-americano que comprovam não só a estreita relação dos dois países na ditadura brasileira, mas que as estratégias da Operação Brother Sam teriam sido decididas um ano antes do golpe, já em 1963.
“O governo Castelo Branco foi de total alinhamento com os Estados Unidos. Há uma equação financeira de auxílio, de empréstimos, de atuação dos Estados Unidos, muito especial, muito extraordinária, junto aos bancos europeus para renegociação da dívida externa brasileira”, afirmou o pesquisador em entrevista concedida na época de lançamento de O Grande Irmão, em 2008.
Entre os casos apurados nas audiências, o de Honestino Guimarães, militante que presidiu a União Nacional dos Estudantes no início da década de 1970; de Davi Capistrano, dirigente do Partido Comunista Brasileiro, e de Paulo Stuart Wright, militante da Ação Popular - todos integram a lista de desaparecidos políticos, com restos mortais ainda não localizados.
Audiência Pública: Relação FIESP e Consulado com ditadura militar
Data: 18/02, segunda-feira, a partir das 14h.
Local: Auditório Paulo Kobayashi, Piso Monumental - Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Avenida Pedro Álvares de Cabral, 201 – Ibirapuera.
Realização: Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”

Confira o calendário das demais audiências no mês de fevereiro:

19/02, terça-feira, 10h - Caso Aylton Mortati - Auditório Teotônio Vilela (1º andar)

20/02, quarta-feira, 15h - Caso Fernando Santa Cruz - Auditório Paulo Kobayashi (Piso Monumental)

21/02, quinta-feira, 10h - Caso Edgar Aquino Duarte - Auditório Teotônio Vilela (1º andar)

21/02, quinta-feira, 14h - Caso Dênis Casemiro - Auditório Teotônio Vilela (1º andar)

25/02, segunda-feira, 10h - Casos Ablilio Clemente Filho e Aluísio Palhano Pedreira Ferreira - Auditório Teotônio Vilela (1º andar)

26/02, terça-feira, 10h - Casos Honestino Monteiro Guimarães, José Maria Ferreira Araújo e Paulo Stuart Wright - Auditório Teotônio Vilela (1º andar)

27/02, quarta-feira, 10h - Casos Luiz Almeida Araújo, Issami Nakamura Okano - Auditório Teotônio Vilela (1º andar)

28/02, quinta-feira, a partir das 10h - Casos Davi Capistrano, Elson Costa, Hiram de Lima Pereira, João Massena Melo, José Montenegro de Lima, José Roman, Luiz Ignácio Maranhão Filho, Nestor Vera e Walter de Souza Ribeiro - Auditório Teotônio Vilela (1º andar)